
Nesta passagem intervém o arcanjo Rafael que, no "Paraíso Perdido" de Milton (uma das fontes do libretto), é o anjo enviado por Deus para admoestar Adão pela sua desobediência e é também ele que descreve a Adão a criação do novo mundo. Aqui, também vamos poder ouvir um exemplo do que é um recitativo e também o uso da orquestra na ilustração do texto.
Após a famosa introdução (aquela que descreve o caos primordial), Rafael (com a sua voz grave de baixo) começa, em recitativo, a contar a história: "No início, Deus criou o céu e a terra" e logo o coro intervêm descrevendo o espírito de Deus planando á superfície das águas.
Para o milagre da criação da luz, Haydn usa o mais simples mas também mais poderoso dos meios orquestrais: Um silêncio...seguido de um pizzicato...orquestra e coro em pianissimo... e uma explosão do tutti orquestral sobre o acorde de dó maior.
Sobre este momento contam-se várias histórias curiosas. Primeiro, parece que Haydn ensaiou em segredo com a sua orquestra esta explosão, de modo que, no dia da estreia a surpresa foi geral, de tal forma que o público não se conteve e explodiu em aplausos incontroláveis. Desde então e durante muito tempo era costume o público aplaudir logo após esta passagem. Conta-se ainda que o respeitável compositor, de sentido de humor apurado, divertia-se dizendo às pessoas que o pizzicato imediatamente antes do tutti, representava Deus a tentar acender um fósforo !!!
Por fim a voz "brilhante" do tenor Uriel reforça a "iluminação" criando o ambiente para a ária seguinte (que já conhecemos) que está em La maior (uma tonalidade também "luminosa").
Apreciemos então...
Lindo ... o sentido de humor de Haydn era realmente fantástico. Mesmo nisso se nota que era um home muito à frente do seu tempo. Acho que algumas piadas que se contam dele revelam já uma certa queda para o "non-sense" que só muito mais tarde se afirmaria como forma de fazer humor penso eu ...
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