A propósito de um concerto de Natal a que fui assistir recentemente onde foram interpretados excertos do "Messias" de Haendel, decidi procurar alguma informação sobre esta obra, que já conhecia em CD e que costumo ouvir em casa por esta altura.
Assim, se tiver tempo, coisa rara neste ano que agora finda, tentarei ir colocando aqui alguma dessa informação para assim, à minha maneira, associar o blog à quadra de Natal.
O "Messias" é um oratório em três partes para coro, orquestra e quatro solistas (barítono, tenor, contralto e soprano) composto por Georg Friedrich Haendel (n. Halle, Alemanha 23 Fev 1685; m. Londres 14 Abril 1759).
Antes de mais, umas palavras sobre o género oratório. É um género musical para coro, orquestra e solistas sobre uma temática, nem sempre, mas frequentemente religiosa. Sendo musicalmente semelhante a uma ópera não é todavia representada com cenários, guarda-roupa ou encenação, mas interpretada na forma de um concerto estas características, aliadas à sua extensão fazem com que este seja um género musical pouco popular hoje em dia.
Quando muito popularizam-se alguns excertos mais famosos de que é exemplo coro "Haleluia" que encerra a segunda parte do "Messias".
Por isso audição de um oratório deve, em minha opinião, ser acompanhado pela leitura do texto que está a ser cantado. Desta forma, a beleza que já existe na sua música assume maior dimensão pela compreensão plena do seu sentido. No caso do "Messias" até nem é muito difícil uma vez que está em língua inglesa.
Há também aqui um aspecto particular característico dos oratórios do período barroco e também, em certa medida nas obras de períodos posteriores: A música procura muitas vezes ilustrar o texto, por vezes até de forma algo ingénua e simplista mas que resulta plenamente no impacto que causa no ouvinte. E eu arriscaria até a considerar um nível inconsciente de compreensão se aceitarmos o facto de não haver muitas vezes a compreensão do texto e assim do seu sentido.
Alguns artifícios muito simples e até algo banais como a utilização de melodias ascendentes para ilustrar a Ascenção ou a Ressureição ou ainda a utilização do registo agudo ao cantar "Glória a Deus nas alturas" contrastando imediatamente a seguir com o registo grave em "Paz na terra aos homens" e por aí fora...
O Messias está cheio destes efeitos simples mas também os possui mais elaborados como a maravilhosa ilustração da orquestra ao bater das asas dos anjos e o uso mais subtil mas não menos importante da harmonia.
E claro que tem maravilhosas árias para os quatro solistas mas para mim o verdadeiro poder está nos seus coros, imaginativos, directos, surpreendentes.
Enfim, há algo no "Messias" que fala directamente no coração dos Homens. Será isto explicável ?? Eu penso que não e aí está a sua magia.
Para ilustrar este post com música, escolhi precisamente o seu coro mais conhecido não sendo todavia o meu favorito:
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