Haendel demorou cerca de 21 dias a compôr o "Messias", ou seja entre 22 de Agosto e 12 de Setembro de 1741, como consta no manuscrito autógrafo. Para a orquestração necessitou de mais dois dias !!!
A primeira apresentação teve lugar no dia 13 de Abril de 1742 em Dublin (ou seja, nem sequer foi no Natal !!).
Apenas em 1750 ocorreu a primeira interpretação numa igreja: a capela do "Foundling Hospital" (Hospital para crianças abandonadas). Nesta ocasião a interpretação foi conduzida pelo próprio compositor.
Ou seja, apesar de ser uma obra sacra, a maioria das apresentações iniciais ocorreram em salas de concerto e edifícios seculares.
A variedade dos espaços e condições acústicas explica as várias versões do oratório que Haendel escreveu. Estas diferenças existem sobretudo ao nível das dimensões da orquestra e coros mas também na atribuição das árias a diferentes registos vocais.
Vejamos então alguns exemplos:
Na primeira apresentação (a chamada versão de Dublin) o coro era constituído por oito cantores por cada parte vocal totalizando 32 elementos sendo a orquestra de dimensões semelhantes.
Esta é uma gravação recente da versão de Dublin (1742)
http://www.amazon.com/Messiah-George-Frideric-Handel-Version/dp/B000K2Q7PK/ref=sr_1_2?ie=UTF8&s=music&qid=1261186580&sr=8-2-catcorr
Na maior parte das versões a orquestra mantém as dimensões desta esta versão inicial:
6-8 primeiros violinos;
6-8 segundos violinos;
4-5 violas;
2 violoncelos;
2 contrabaixos;
1 cravo ou orgão para baixo contínuo;
2 trompetes
2 tímpanos.
Em algumas situações Haendel acrescentava oboés e fagotes para aumentar o colorido e poder orquestral nos tutti.
Haendel dirigiu também no Covent Garden e no King´s theatre em 1743 e 1745.
A partir de 1749 começou a fazer apresentações anuais fazendo diversas alterações e revisões. Em Abril e Maio de 1751 introduziu vozes de crianças no coro (no registo soprano) e um solista contratenor em vez do contralto.
Por exemplo esta é a gravação da NAXUS de uma versão de 1751.
http://www.amazon.co.uk/Handel-Messiah-version-Eamon-Dougan/dp/B000I2IUW0
Após a morte de Haendel começaram a usar-se efectivos orquestrais muito maiores, e até em alguns casos colossais como na interpretação de 1784 na Abadia de Westminster em que o coro tinha 300 elementos e a orquestra 250 (95 violinos; 26 violas; 21 violoncelos; 15 contrabaixos; 26 oboés; 28 fagotes; 12 trompas; 12 trompetes; 6 trombones. O mais incrível é que as partes solistas eram cantadas por mais do que um elemento. Também não se sabe que partes eram tocadas pelos trombones e trompas.
Outros exemplos: Berlim 1781 (185 músicos); Leipzig 1781 (coro com 90 elementos e 127 músicos na orquestra).
O andamento da obra também era adaptado à acústica das igrejas (ou seja umas vezes uma interpretação mais rápida, outra mais lenta).
Também é conhecida uma reorquestração de Mozart para uma versão alemã do Messias que durante muito tempo foi a versão mais ouvida (a análise desta versão é muito interessante e daria para um outro post). http://www.classical.net/music/comp.lst/works/handel/messiah/mozart.php
Fonte. http://www.amazon.com/dp/B00000E4CH?tag=classicalnet&link_code=as3 creativeASIN=B00000E4CH&creative=373489&camp=211189
Actualmente estão muito em voga as "versões de época" em que se tenta reproduzir os efectivos utilizados no tempo de Haendel.
Esta questão das versões é muito importante quando se trata de avaliar as gravações que estão disponíveis.
É um exercício interessante percorrer na Amazon os exemplos musicais das várias versões e perceber as diferenças.
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