sexta-feira, 27 de abril de 2012

Brahms - Nanie Op. 82

 Sem prestar atenção ao texto, o início quase se assemelha a uma canção de embalar. No entanto trata-se de uma obra composta por Brahms em memória de um amigo falecido, utilizando um poema de Schiller, complexo e cheio de referências mitológicas que consiste num dramático lamento sobre a morte. Quanto à música, composta para coro e orquestra, por vezes assemelha-se ao seu Requiem, lindíssima, comovente e dramática e com a densidade de escrita típica de Brahms. 
Diz-se ser esta uma obra pouco interpretada actualmente devido à sua dificuldade técnica. No entanto esta pérola do reportório romântico sugere a existência de muitos outros tesouros na relativamente pouco conhecida obra coral de Brahms.


 Aqui na interpretação de Gardiner e do coro Monteverdi e a Orchestre Revolutionaire et Romantique, num álbum que contém também outras obras corais de Brahms e a 3ª sinfonia. Aliás parte de um belíssimo conjunto de CDs que incluem as restantes sinfonias juntamente com outras obras corais.
Texto em Alemão: 
Auch das Schöne muß sterben! Das Menschen und Götter bezwinget,
Nicht die eherne Brust rührt es dem stygischen Zeus.
Einmal nur erweichte die Liebe den Schattenbeherrscher,
Und an der Schwelle noch, streng, rief er zurück sein Geschenk.
Nicht stillt Aphrodite dem schönen Knaben die Wunde,
Die in den zierlichen Leib grausam der Eber geritzt.
Nicht errettet den göttlichen Held die unsterbliche Mutter,
Wann er am skäischen Tor fallend sein Schicksal erfüllt.
Aber sie steigt aus dem Meer mit allen Töchtern des Nereus,
Und die Klage hebt an um den verherrlichten Sohn.
Siehe! Da weinen die Götter, es weinen die Göttinnen alle,
Daß das Schöne vergeht, daß das Vollkommene stirbt.
Auch ein Klagelied zu sein im Mund der Geliebten ist herrlich;
Denn das Gemeine geht klanglos zum Orkus hinab.
Tradução para Inglês:
Also Beauty must perish! What gods and humanity conquers,
Moves not the armored breast of the Stygian Zeus.
Only once did love come to soften the Lord of the Shadows,
And at the threshold at last, sternly he took back his gift.
Nor can Aphrodite assuage the wounds of the youngster,
That in his delicate form the boar had savagely torn.
Nor can rescue the hero divine his undying mother,
When, at the Scaean gate now falling, his fate he fulfills.
But she ascends from the sea with all the daughters of Nereus,
And she raises a plaint here for her glorified son.
See now, the gods, they are weeping, the goddesses all weeping also,
That the beauteous must fade, that the most perfect one dies.
But to be a lament on the lips of the loved one is glorious,
For the prosaic goes toneless to Orcus below.
Para além de todo o prazer que me dá a audição desta obra, a sua leitura suscita-me diversas questões e problemas.
- A interpretação completa do poema de Schiller, cuja complexidade por vezes me desconcerta.
- Parecendo ser um poema algo difícil de musicar, quais os problemas composicionais que apresenta e de que forma o compositor os terá ultrapassado?
- Será que outros compositores tentaram musicar o mesmo poema? e com que sucesso?
- Porque razão a música parece por vezes destacar-se do texto, a ponto de se constituir uma entidade autónoma e sem relação o conteúdo do texto? Quais os momentos em que isso é mais notório ?
- Qual a estrutura formal da obra? 


Nenhum comentário:

Postar um comentário