sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A propósito de Leonard Bernstein

Num dos seus comentários a um dos meus últimos posts, o meu caro amigo Fernando, autor do belíssimo blog "Diz que não gosta de música clássica" evocou muito justamente Leonard Bernstein, esse extraordinário maestro, director de orquestra e compositor, mas também comunicador e divulgador de música.
Na sequência do seu comentário lembrou essa série de programas "Concertos para jovens" sobre a qual me faltam adjectivos para qualificar. Fiquei marcado por esse programa, assim como programas de outros divulgadores de mérito como António Vitorino de Almeida, para além de outros maestros que tive a felicidade de ver actuar ao vivo e que fizeram mais pela cultura musical do nosso país do que os últimos 20 anos de televisão pública !!!
Voltarei sempre a Bernstein, porque vale sempre a pena explorar uma ou outra faceta do seu génio.
Por essa razão lembrei-me de recomendar a leitura de um livro que comprei ao acaso numa qualquer FNAC e cuja leitura me apaixonou desde a primeira página. Desde então esse livro tem passado de mão em mão pelos meus amigos mas do qual tenho guardado com zelo registos escrupulosamente detalhados do seu paradeiro e, graças ao meu cuidado, tem regressado sempre para as minhas mãos.
Falo naturalmente do "The joy of music" do qual existe a tradução portuguesa da editora "Livros do Brasil".

Este livro atravessa vários séculos de história da música, desde Bach a música do séc. XX, percorrendo vários géneros como a ópera, música sacra e sinfónica. Dedica também um capítulo ao Jazz, ao "musical" Norte-Americano e à técnica de direcção de orquestra. Tudo isto com uma simplicidade desarmante estimulando no leitor um desejo irreprimível de ouvir e conhecer mais desse maravilhoso mundo da música.

No seguinte excerto, Bernstein disserta sobre o seu próprio processo de divulgação da música a leigos:

"É por estar tão certo do que afirmo que me tornei ousado, ao ponto de falar sobre música na televisão, em discos e em conferências públicas. Sempre que tenho a sensação de que o fiz com êxito, penso que isto acontece porque, possivelmente, encontrei esse processo ideal. E é difícil chegar a esta conclusão se não tivermos a convicção de que o público não é um monstro, mas sim um organismo inteligente, na maioria das vezes ansioso por ser esclarecido e instruído. Assim, sempre que me é possível, tento falar de música - das notas da música; e, sempre que são necessárias ideias extramusicais, com a finalidade de referência ou esclarecimento, tento escolher conceitos que sejam musicalmente aplicáveis como, por exemplo, tendências nacionalistas ou de evolução espiritual, que possam mesmo ter feito parte do pensamento do próprio compositor. Assim, ao explicar o Jazz, tenho evitado as habituais divagações pseudo-históricas (rio-acima-desde-Nova-Orleães) e procurado concentrar-me naqueles aspectos de melodia, harmonia, ritmo, etc, que tornam o Jazz diferente de toda a outra música. Ao falar de Bach, senti a necessidade de me referir às suas convicções religiosas e espirituais mas, sempre, em função das notas musicais que escreveu. Ao tentar explicar o problema da escolha que todo o compositor tem que enfrentar, recorri aos esboços rejeitados do primeiro andamento da Quinta Sinfonia de Beethoven. Por outras palavras, a apreciação musical não é necessariamente um "negócio". Este tipo de referências extramusicais pode ser útil, quando posta ao serviço da explicação da própria música, e o sistema do "mapa de estradas" pode ser igualmente aceitável, se funcionar em relação a uma ideia central susceptível de captar a inteligência do ouvinte. é aí que se encontra o processo ideal, o qual, humildemente, espero ter conseguido alcançar nas páginas que se seguem."

Leonard Bernstein; "O Mundo da Música - Os seus segredos e a sua beleza"; vol 32 da colecção Vida e Cultura de editora Livros do Brasil.

domingo, 25 de novembro de 2007

Jogos musicais (II) "Eine kleine Nachtmusik"

Vou tentar partilhar aqui uma audição "orientada". É como se estivessemos numa viagem e precisassemos de um mapa. O roteiro que vos apresento é esse mapa e a viagem, bem... é o primeiro andamento desta pequena e enigmática peça de Mozart. Escolhi esta por ser fácil de seguir. É que Mozart é daqueles compositores que raramente se desvia do esquema traçado...

Eine kleine Nachtmusik (1º Andamento- Allegro)


Aqui vai o roteiro:

Exposição: O compositor enuncia a sua "matéria musical". As principais ideias são chamadas temas. Compreende dois temas de carácter contrastante.
- Tema A (0:28/0:56): Vigoroso e bem ritmado. Tonalidade de Sol maior (Tónica)
- Ponte (0:57/1:12): Prepara a mudança do carácter da música e também de tonalidade (Sol para Ré maior).
- Tema B (1:13/1:50): Mais melodioso e menos incisivo que o primeiro. Tonalidade de Ré maior (dominante)
- Codetta (1:50/1:57): para concluir a exposição

Repetição da exposição (1:58/3:27): Mozart dá-nos uma segunda oportunidade para "fixarmos" os temas na memória, repetindo integralmente a exposição.

Desenvolvimento (3:28/4:00): O compositor aproveita diversos aspectos dos temas expostos anteriormente e explora-os em vários ângulos (tonalidades diferentes, combinações, oposições...) o resultado é, um forte sentimento de tensão, de conflito que conduz a um clímax quando a música retoma o seu ambiente familiar (a tónica) iniciando a reexposição.

Reexposição:
- Tema A (4:00/4:28): Igual à exposição
- Ponte (4:28/4:40): Igual
- Tema B (4:41/5:18): Aqui difere da exposição uma vez que o tema aparece na tónica (Sol maior)
- Coda (5:18/5:40): Codetta anterior aumentada para concluir o andamento.


Conseguiu chegar ao fim sem se perder? Óptimo. Senão tente de novo... (Lembre-se que isto é um jogo e divirta-se).


Resumo da "Forma Sonata":




Para terminar, aqui fica mais uma sugestão:

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Jogos musicais...


A sinfonia sempre foi um género que me atraiu. Para além de ser, na maior parte dos casos música pura, tinha sempre a sensação de que estava a assistir a uma sequência de eventos que nem sempre era capaz de acompanhar. E então, a certa altura, dei por mim a sentir a necessidade de associar motivos extra-musicais para evitar começar a divagar, o mesmo é dizer, deixar de prestar atenção e de ouvir. Assim, ficava-me por uma série limitada de sinfonias mais teatrais (com efeitos orquestrais atraentes e mais ou menos espectaculares) mas muitas ficavam na prateleira por não conseguir compreender ...

Ao fazer certas leituras, compreendi o conceito de forma na obra musical, mas a sua aplicação prática não foi fácil. Comecei então a procurar livros que contivessem exemplos musicais para que pudesse compreender melhor aquilo que se estava a passar. Com o tempo fui conseguindo aplicar esses exemplos em obras conhecidas e outras que ia ouvindo pela primeira vez.

A certa altura comecei a jogar comigo próprio um jogo: ao mesmo tempo que ouvia tentava seguir os elementos constituintes da forma da obra. O meu prazer na audição aumentou consideravelmente.


Então fui a prateleira onde tinha aquelas sinfonias que não tinha ouvido mais do que uma vez por não as conseguir compreender e comecei a jogar...

De repente os esquemas surgiram claros na minha mente e os elementos sonoros apareciam perfeitamente ordenados naquela sequência lógica de eventos. Pude então aperceber-me do trabalho de artífice do compositor que consistia em ordenar os temas musicais gerados pelos seu talento. A inspiração permite a criação de melodias, mas é a construção racional do discurso musical que faz a grande obra, a grande música !!!

Em certas épocas da história da música, a forma adquire uma grande estabilidade, fazendo o processo composicional parecer uma mera aplicação de um receituário.


Mesmo assim, mantendo-se fiel a este esquema rígido, alguns conseguem criar, quase miraculosamente, obras primas com a frescura de quem brinca...





Existem outros momentos em que o compositor veste o fato de experimentador e, como um pintor ou um inventor, procura novas formas, novos moldes para verter o talento, apurando sucessivamente até chegar a uma forma que incorpore o seu ideal.



Outros ainda, infringem rudes golpes de martelo nas velhas formas, torcendo-as ou ampliando-as a dimensões que as levam quase á ruptura.






Depois de tantas transformações e deformações, parecendo que nada mais havia a explorar, alguns ainda têm a coragem de voltar a pegar no género e procurar construir algo de novo.



E quando tudo parecia acabado, eis que o processo de renovação continua...


Tudo isto está vedado ao ouvinte que, de pouco avisado, não está consciente da noção da forma e como tal não pode discernir nem julgar de forma crítica aquilo que ouve.

Para mim muito do prazer musical é obtido da razão e do intelecto !

Proponho um excelente site para quem queira iniciar-se no domínio da sinfonia e da forma musical: http://library.thinkquest.org/22673/index.html

domingo, 18 de novembro de 2007

J. S. Bach, Fuga nº 22 (BWV 891)

Não é fácil, mas não resisto em mostrar aqui o meu lado sinestésico. É que ao escutar esta fuga do "Cravo bem temperado" de Bach...



...não consigo deixar de imaginar as afinidades para com esta pintura de Bruce Gray ou outras estilisticamente similares.


(www.brucegray.com/.../html_subpages/snap2.html)

Para além da maior ou menor abstração (entenda-se: sem relação com nenhum objecto real, sentimento ou ideia concreta que lhe possa ser associada), existe acima de tudo como uma construção ordenada de um conjunto limitado de motivos que se repetem, aglomeram, dialogam e contrastam talvez até excessivamente. Estamos no Barroco tardio já se vê, com Bach fiel ao seu tempo, embora os seus contemporâneos já se comecem a "fartar" desta linguagem polifónica demasiado exuberante tendendo para uma redução de linhas melódicas quase incontroláveis e culminando numa melodia submetida a uma progressão harmónica por blocos.

Como consequência temos um "Kantor" fora de moda, para reaparecer para o grande público séculos mais tarde. Visto a esta distância, como esta música nos soa estranha, tudo parece vivo!!!. Temos a percepção de que tudo o que se passa naquele teclado está milimetricamente previsto e no entanto, a sensação de caos é eminente, por momentos roçamos a fronteira do inaudível, tudo parece tender para o desastre, e logo as consonâncias regressam... Como no quadro de Gray em que os elementos pictóricos se conjugam sob uma aparência simultaneamente caótica e ordenada. No fim da audição... sim porque é necessário ouvir com atenção, concentrados e sem preconceitos. Fica-nos uma sensação de plenitude indescritivel. E pensar que esta fuga é apenas uma de um total de 48 a somar a outros tantos prelúdios que constituem o esse monumento que é o "Cravo Bem Temperado" !!!.

É claro que a interpretação de Gould (1932-1982) ajuda, o seu piano não soa a cravo... nem a piano... ainda bem que consegue uma clareza de interpretação que permite seguir as diferentes linhas melódicas. Não aprecio a sua leitura de Mozart mas para mim, o seu Bach é insuperável...






quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Lady Day - O canto e a dor de viver

Eleonora Fagan (Baltimore, 1915- Nova Iorque, 1959) ficou conhecida por Billie Holiday.

Hoje temos as gravações que atestam a grandeza da sua voz. Mas para mim é a sua enorme gama de recursos postos ao serviço da expressão vocal que a fazem única. Desde sempre fui sensível às nuances que conseguia pôr na sua voz e à cor que transmitia a cada verso das canções. Ao ouvi-la conseguia sentir a essência de cada palavra no seu sentido mais puro. E isto mesmo antes de conhecer os detalhes da sua trágica vida. É que, mesmo nas músicas mais alegres, há uma tristeza, uma melancolia se insinua e que nos atinge. Claro que nos temas trágicos é insuperável...

Nasceu humilde e cedo conheceu a dureza da vida ao ser violentada aos dez anos. Do reformatório e da prostituição o acaso tornou-a cantora contratada aos quinze anos no Jerry Preston´s de Harlem. Colaborou inicialmente com o pianista T. Wilson (1935) com quem gravou os primeiros discos; depois com C. Basie e a sua orquestra, L. Armstrong para além de muitos outros grandes músicos de jazz do seu tempo.

Há um momento marcante na sua carreira quando compõe e interpreta o trágico "Strange Fruit" (1944) que escandaliza ao metaforizar os cadáveres de negros pendurados nas árvores da sua terra (os estranhos frutos) e que leva à proibição da música em alguns países.

A sua existência foi sempre marcada pela violação que sofreu em menina e a dependência do álcool e das drogas levou-a à prisão e mais tarde à morte.

"A voz dolorosamente trémula torna-se mais àspera, o seu canto sensível sempre mais amargo e artificioso"

Uma pesquisa rápida no Youtube permite encontrar algumas das suas interpretações.
Este post é para ser saboreado devagar. Aconselho sentar-se confortavelmente e escolher uma interpretação para ouvir. Saboreie cada nota, aprecie as inflexões na voz, o contracanto do acompanhamento, os ambientes e, se tudo correr bem entrará facilmente no espírito. Não precisa de ouvir tudo de uma vez, volte cá outro dia para continuar...


Claro que posso sugerir algumas para começar, baseio-me apenas no meu gosto especial.

Para além de "Gloomy Sunday" (post anterior) e de "I cover the waterfront" que infelizmente não consegui encontrar, gosto especialmente dos melancólicos:


"Good Morning Heartache" (http://br.youtube.com/watch?v=XQ3PVm6YbmU)
"Solitude" (http://br.youtube.com/watch?v=z4eXV1FYNc4)
"Autumn in New York" (http://br.youtube.com/watch?v=UsODsSfgo2k)
"Moonlight in Vermont" (http://br.youtube.com/watch?v=StNAmz7kpe4)

"I Don't Want To Cry Anymore" (http://br.youtube.com/watch?v=stN7CR_MFUE)

"Lover Man" (http://br.youtube.com/watch?v=rT_h8mQsD1Y)
"My Man" (http://br.youtube.com/watch?v=IQlehVpcAes)

Mas existem temas mais "luminosos" embora, se ouvirem com atenção notarão aquela névoa de tristeza de que já tinha falado:

"What A Little Moonlight Can Do" (http://br.youtube.com/watch?v=3qyxmn0uQxE)"Please Dont Talk About Me" (http://br.youtube.com/watch?v=_PqtQbJR02g)

Existem também exemplos de duetos com grandes nomes do Jazz:

Com Louis Armstrong:

"The Blues Are Brewin" (http://br.youtube.com/watch?v=bWtUzdI5hlE)
"Farewell to Storyville" (http://br.youtube.com/watch?v=gLHCR0OTqhs)

"Do you know what it means" (http://br.youtube.com/watch?v=ROEWiNsb754)

Com Count Basie e a sua orquestra:

"God bless the child, now baby" (http://br.youtube.com/watch?v=7IYTx60s07A)

Um blues "puro e duro":

"Lady sings the blues" (http://br.youtube.com/watch?v=IUtPODn7cCc)

Standards de Gershwin da "Porgy and Bess":

"Summertime" (http://br.youtube.com/watch?v=h5ddqniqxFM)
"I Love You Porgy" (http://br.youtube.com/watch?v=PRVpE4Sz6qU)

O trágico tema já referido na biografia:

Strange fruit" (http://br.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs)



E ainda os "não classificados":

"One for my Baby (and one more for the road)" (http://br.youtube.com/watch?v=R7llu2aQRSQ)
"Aint nobody business" (http://br.youtube.com/watch?v=KBtN8h85F-I)

Existe ainda muito, muito mais... O próximo passo é descobrir outros temas, de certeza que boas surpresas surgirão. Para mim nunca deixará de ser uma das minhas cantoras favoritas....

domingo, 11 de novembro de 2007

Gloomy Sunday

Gloomy Sunday (Domingo Sombrio) foi escrito em 1933 pelo pianista e compositor húngaro Rezsõ Seress e tristemente associado a uma lenda urbana com origem na própria vida do compositor e que contribuiu para a sua notoriedade. Dizia-se que a canção encerrava uma mensagem subliminar que levava os amantes que a ouviam ao suicídio. O mito teve a sua origem no suicídio de Seress, ao que parece devido a um desgosto amoroso e depois sustentado por uma onda de suicídios por onde quer que esta música passasse (Se fizerem uma pesquisa na internet, verificam que o mito ainda persiste nos dias de hoje). Esta “Hungarian suicide song” como era chamada quando chegou aos EUA em 1936 (em plena ressaca da grande depressão de 1929) foi um dos primeiros casos de exploração publicitária de um mito urbano tornando-se num enorme sucesso.
Ao ouvir o original de Seress nota-se, desde logo um ambiente de tristeza que atravessa toda a música mas é a letra que lhe confere o espírito de desespero e ausência de esperança:

Tradução para inglês da letra original de Seress:

It is autumn and the leaves are falling
All love has died on earth
The wind is weeping with sorrowful tears
My heart will never hope for a new spring again
My tears and my sorrows are all in vain
People are heartless, greedy and wicked...

Love has died!

The world has come to its end, hope has ceased to have a meaning
Cities are being wiped out, shrapnel is making music
Meadows are coloured red with human blood
There are dead people on the streets everywhere
I will say another quiet prayer:
People are sinners, Lord, they make mistakes...

The world has ended!


Cedo se tentou retirar ao tema o tom de desespero excessivo substituindo a letra original por versos menos dramáticos do poeta húngaro Laszlo Javor:


Versão de Javor (Tradução para inglês):

Gloomy Sunday with a hundred white flowers
I was waiting for you my dearest with a prayer
A Sunday morning, chasing after my dreams
The carriage of my sorrow returned to me without you
It is since then that my Sundays have been forever sad
Tears my only drink, the sorrow my bread...

Gloomy Sunday


This last Sunday, my darling please come to me
There'll be a priest, a coffin, a catafalque and a winding-sheet
There'll be flowers for you, flowers and a coffin
Under the blossoming trees it will be my last journey
My eyes will be open, so that I could see you for a last time
Don't be afraid of my eyes, I'm blessing you even in my death...

The last Sunday

(http://br.youtube.com/watch?v=HAzJ_7CeWbc)

Surgiram depois duas versões em inglês dos versos de Javor: uma por Sam Lewis e outra de Desmond Carter. A versão de Carter é mais sombria e menos popular que a de Lewis.

Versão de Carter:

Sadly one Sunday I waited and waited
With flowers in my arms for the dream I'd created
I waited 'til dreams, like my heart, were all broken
The flowers were all dead and the words were unspoken
The grief that I knew was beyond all consoling
The beat of my heart was a bell that was tolling

Saddest of Sundays

Then came a Sunday when you came to find me
They bore me to church and I left you behind me
My eyes could not see one I wanted to love me
The earth and the flowers are forever above me
The bell tolled for me and the wind whispered, "Never!"
But you I have loved and I bless you forever

Last of all Sundays

Versão de Lewis:

Sunday is gloomy, my hours are slumberless
Dearest the shadows I live with are numberless
Little white flowers will never awaken you
Not where the black coach of sorrow has taken you
Angels have no thought of ever returning you
Would they be angry if I thought of joining you?

Gloomy Sunday

Gloomy is Sunday, with shadows I spend it all
My heart and I have decided to end it all
Soon there'll be candles and prayers that are sad I know
Let them not weep let them know that I'm glad to go
Death is no dream for in death I'm caressing you
With the last breath of my soul I'll be blessing you

Gloomy Sunday



Dos vários intérpretes, foi Billie Holiday quem mais contribuiu para popularizar o tema. A interpretação de Billie Holiday utilizou a versão de Lewis e ao tema original foi adicionada uma 3ª estrofe com o objectivo de reduzir o tom pessimista da canção transmitindo a ideia de que toda a tragédia não passara de um sonho. De notar durante a audição que ao chegar à terceira estrofe a música fica mais luminosa devido à mudança para a tonalidade maior (http://br.youtube.com/watch?v=48cTUnUtzx4).


A terceira estrofe:


Dreaming, I was only dreaming
I wake and I find you asleep in the deep of my heart, here
Darling, I hope that my dream never haunted you
My heart is telling you how much I wanted you

Gloomy Sunday


Desde a sua origem, “Gloomy Sunday” foi interpretado nas suas diversas versões por vários intérpretes. A lista que se segue não é exaustiva:


Lista de intérpretes:

Hal Kemp & his Orchestra
Paul Whiteman & his Orchestra
Artie Shaw & his Orchestra
Billie Holiday
Lydia Lunch
Elvis Costello & the Attractions (http://br.youtube.com/watch?v=Y4YHoijyRH0)
The Associates
Marianne Faithfull
Carol Kidd
Sinéad O'Connor
Gitane Demone
Sarah McLachlan(http://br.youtube.com/watch?v=YbngZiXYOy4)
Björk
Heather Nova(http://br.youtube.com/watch?v=N2fGWQKbX68)
Sarah Brightman (http://br.youtube.com/watch?v=4hRRIsMNlEY)


Pessoalmente a que mais aprecio é a de Billie Holiday, mas também gosto bastante da versão de Sarah McLachalan. A existência de tantas leituras do mesmo tema só demonstra a sua qualidade. Certamente que dispensaria a história triste que lhe está associada…


quinta-feira, 8 de novembro de 2007

BILLIE HOLIDAY (1915-1959)

"Gloomy Sunday"

It is autumn and the leaves are falling
All love has died on earth
The wind is weeping with sorrowful tears
My heart will never hope for a new spring again
My tears and my sorrows are all in vain
People are heartless, greedy and wicked...

Love has died!

The world has come to its end, hope has ceased to have a meaning
Cities are being wiped out, shrapnel is making music
Meadows are coloured red with human blood
There are dead people on the streets everywhere
I will say another quiet prayer:
People are sinners, Lord, they make mistakes...

The world has ended!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Gosto daquilo que conheço...



É quase tão verdadeiro como "conheço aquilo de que gosto".

Existe um enorme obstáculo à apreciação de uma obra musical mais complexa: Não prestar atenção ao que se ouve.

No mundo de hoje, quase tudo passa por nós a grande velocidade e somos tentados a percepcionar as coisas de forma mais ou menos superficial. Falo naturalmente dos estímulos que atingem os nossos sentidos e que sofrem uma "filtração" natural, na maioria das vezes inconsciente. É um mecanismo de defesa do organismo que, incapaz de poder abarcar tanta informação, selecciona aquilo que a cada momento julga importante.

No caso da música este fenómeno provoca uma rejeição de sistemas musicais mais complexos e exigentes em oposição a sistemas mais simples e familiares.

Creio ser esta a razão pela qual a música "comercial" (não há aqui nenhum sentido pejorativo mas apenas no sentido de mais ouvida e vendida) se caracteriza normalmente por estruturas simples, com melodias facilmente reconhecíveis e memorizáveis, ritmos e harmonias seguindo esquemas pré formulados. Desta forma reduz-se o esforço do ouvinte ao mínimo podendo até apreciar-se esta música em simultâneo com outra actividade (neste caso como música de fundo) sem perda de eficácia.

Quando passamos para uma música cujos elementos seguem uma lógica formal não familiar ao ouvinte de hoje, naturalmente que o esforço exigido para retirar prazer da sua audição é muito maior.

É curioso notar que muita da música composta em séculos anteriores e que actualmente é considerada "erudita" poderia classificar-se, na altura em que foi composta como música "comercial", uma vez que se estruturou de forma a tornar-se facilmente reconhecível pelo ouvinte de então. Mozart, por exemplo tem obras do chamado "estilo galante" muito apreciado na altura como música como música de fundo em festas da alta sociedade vienense.


Com o passar dos séculos, esses esquemas foram sendo substituidos por outros tornando a música mais difícil de reconhecer e de apreciar pelo ouvinte actual.

Todos nós conhecemos exemplos de obras musicais antigas que por audição repetida se tornam populares (muitos temas utilizados em publicidade, música de fundo em elevadores ou em telefones em espera), para não falar de arranjos "modernos" de temas antigos que se tornam "top de vendas" (neste caso, muitos dos ouvintes nem chegam a saber que estão a ouvir temas com duzentos anos de idade!).

Em conclusão, pode dizer-se que para passar a gostar daquilo que não se conhece, tem que conhecer-se primeiro e a única forma de o fazer é ouvir com atenção sem deixar a mente divagar. Isto não é fácil e exige alguma prática mas após atingido algum domínio, o prazer de ouvir começa a aumentar com o reconhecimento das diversas estruturas que constituem a obra musical.

É caso para dizer como a menina da foto "Shiuu, estou a ouvir !"

sábado, 3 de novembro de 2007

Ainda os direitos de autor...

Continuo a minha pesquisa sobre a legalidade da utilização de material do YouTube.

"A Viacom entrou com processo contra o YouTube e pede 1 bilião de dolares ao Google, dono do site de vídeos. O Google afirma que está confiante de que respeita os direitos legais dos detentores de copyright e não deixará que um processo de 1 bilião de dólares da Viacom impeça a companhia e seu site YouTube de distribuir vídeos, disse o líder de buscas na internet na terça-feira. O porta-voz da empresa Ricardo Reyes afirmou em um comunicado via e-mail que "não recebeu o processo, mas está confiante de que o YouTube respeita os direitos legais dos detentores de copyright e acredita que os tribunais vão concordar com isso". "Certamente nós não vamos deixar que este processo se torne um problema para o crescimento contínuo e a forte performance do YouTube", afirmou no comunicado. A Viacom é um conjunto de empresas ligadas á comunicação social que reúne, entre outros serviços, o conteúdo da MTV e Paramount Pictures."

http://www.webtuga.com


"Depois das batalhas judicias e das denúncias de violações copyright, o YouTube vai ter ao seu dispor um filtro capaz de identificar se o vídeo é protegido, ou não. Caso seja, o utilizador será impedido de fazer o upload, ou o mesmo poderá ser posteriormente retirado, após reconhecimento. O processo de identificação é simples e demorará apenas alguns minutos, adianta Philip Beck, advogado do Google.
Este anúncio à muito que era aguardado, no entanto nunca foi referida nenhuma data em concreto, a descoberta desta tecnologia com certeza que será um alivio para os bolsos do Google, que desta forma não terá de reembolsar os principais lesados da publicação ilegal de vídeos não autorizados.
Resta saber até que ponto o YouTube vai perder, com a ausência deste material, que apesar de ser ilícito era muito procurado pelos cibernautas. Outra dúvida que fica no ar, diz respeito à eficácia desta tecnologia, será mesmo capaz de travar o material ilegal?"

www.pplware.com/2007/07/31


Existe algum cepticismo acerca desta medida mas teremos que aguardar mais um pouco.
De qualquer forma muitos blogs utilizam actualmente o material do YouTube.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Os direitos de autor e a música deste blog.

Confesso que ainda não sei muito bem como irei organizar um blog sobre a música que ouço e que me toca sem a disponibilizar aos leitores do blog. Embora muitas destas obras tenham os seus direitos de autor ultrapassados (e portanto acesso e divulgação livre), os direitos das gravações pertencem, como é natural, aos intérpretes. Muitos dos conteúdos que estão disponíveis em alguns sites como o YouTube apresentam-se em condições cuja legalidade sou incapaz de avaliar.
O ideal seria apresentar aqui um exemplo sonoro daquilo que escrevo em cada texto e não apenas uma sugestão de uma qualquer gravação que, apesar de poder ser possível encontrar facilmente em qualquer loja de CDs, poderá não ser suficientemente estimulante para incentivar alguém a deslocar-se propositadamente a comprar e a ouvir a obra em questão.
A última coisa que desejo é prejudicar aqueles que interpretam as obras, graças ao investimento que fizeram durante anos e que deverá ser devidamente recompensado.

Até resolver este problema jurídico-legal, terei que fazer um blog "mudo" para muita pena minha.